Foto: CRVR (Divulgação)
A Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), que pertence ao grupo paulista Solvi, recebeu a licença ambiental de instalação para construir a usina termelétrica que vai produzir energia elétrica a partir da queima do gás metano gerado pelo lixo orgânico do aterro sanitário de Santa Maria, administrado por ela. A previsão é que, até o final de 2019, a primeira parte da usina já entre em operação. O investimento total é de R$ 30 milhões.
Segundo o diretor de Desenvolvimento de Negócios da CRVR, Leomyr Girondi, a empresa já está fazendo a licitação para a compra de três geradores, cada um com 1 megawatt (MW) - os 3 MW podem abastecer o equivalente a 3,6 mil casas. Os equipamentos devem ser importados da Itália, com o motor que queima o metano e movimenta o gerador de energia. Enquanto isso, outra equipe da CRVR está negociando a venda da energia para empresas grandes consumidoras na área de atuação da RGE.
- É um preço bem abaixo do valor cobrado pelas concessionárias, pois tem uma série de isenções tributárias por ser energia renovável. Quando fecharmos um contrato de venda da energia, começaremos a instalar a usina, o que é rápido. Esperamos que o primeiro motor seja instalado ainda este ano, e um segundo no início de 2020. Mais adiante, quando o aterro gerar mais metano, instalaremos o terceiro - conta.
Caminhão do Peixe está parado há dois anos em Santa Maria
No aterro de Santa Maria, a CRVR recebe 400 toneladas de lixo por dia, de 35 cidades da região. As prefeituras pagam pela destinação correta do lixo no aterro, pois é uma exigência da legislação que os resíduos sólidos sejam depositados em locais com as proteções previstas na lei, como solo impermeabilizado para evitar infiltração do chorume no lençol freático. O aterro substituiu o antigo lixão da Caturrita, que foi desativado porque era ilegal.
COMO O GÁS DO LIXO SERÁ APROVEITADO
O metano é gerado pela decomposição do lixo orgânico. No aterro, já há drenos verticais, com tubos de concreto que vão da parte mais profunda até o nível do solo, onde o gás é queimado para evitar que prejudique a camada de ozônio. Na prática, hoje esse gás é desperdiçado. Quando a obra começar, os drenos serão canalizados para conduzir o gás para um filtro e, depois, para ser queimado na usina que vai gerar a energia. Uma rede de transmissão será construída para levar a energia até a subestação da CEEE. Porém, a CRVR poderá vender essa energia a qualquer empresa grande consumidora que funcione na área de concessão da RGE.
- O aterro de Santa Maria tem licenciamento para 15 anos e vai continuar gerando metano durante oito anos depois da vida útil do aterro. Ou seja, teremos metano por pelo menos 23 anos para a usina - afirmou Girondi.
No aterro de Minas do Leão, a CRVR tem usina de 9 MW desde 2015 (na foto acima), e vai ampliá-la para 15 MW. No aterro de São Leopoldo, já obteve licença para montar uma usina termelétrica de 4,5 MW.
ALÉM DISSO...
A instalação da usina é mais um passo na evolução do processo de depósito de lixo em Santa Maria, pois quem conheceu o antigo lixão da Caturrita ficava horrorizado com famílias morando lá dentro para catar lixo. O próximo passo, que é fundamental, precisa ser Santa Maria implantar uma coleta seletiva de verdade, pois é inaceitável ainda estarmos colocando lixo seco e orgânico juntos - e é desumano ver pessoas e até crianças puxando carroças para catar lixo seco pela cidade.